sábado, 5 de fevereiro de 2011

Samba-enredo para Solano Trindade

"Quilombo vem,
com a singeleza de um maracatu,
cheiroso como um lote de cajus,
delicioso feito um mungunzá.
Vem exaltar,
render tributo ao quilombola pioneiro,
gênio do pensamento afro-brasileiro,
filho dileto de Oxalá,
que fez soar, no tambor dos oprimidos,
esses valores esquecidos:
negritude e liberdade!
Poeta negro,
pintor das negras aquarelas,
cantor de páginas tão belas:
a bênção, Solano Trindade!
(No Recife!)
Recife, das velhas guerras de libertação!
No ano dos 20 anos da Abolição
nascia este gigante das idéias
que o Rio e a Paulicéia
consagrariam.
Neto de negra que lutou
na Revolta dos Malês,
igual a couro de tambor
quanto mais "quente" mais tocou,
quanto mais velho mais zoada fez.
Por isso, agora,
que o poeta está dormindo,
sonhando com um dia lindo
que certamente vai raiar (raiar)
Quilombo vem,
com a singeleza de um maracatu,
cheiroso como um lote de cajus,
o velho Solano homenagear”.



LOPES, Nei. Samba-enredo em homenagem a Solano Trindade. Disponível em: www.neilopes.blogger.com.br/ 2008_07_01_archive.html. Acessado em: 05 fev 2011.

2 comentários:

  1. Samba poeticamente sonoro!
    Acho que Solano iria gostar...

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  2. Também acho que sim. A carga emotiva na poesia e sonora combinam mto com sua vida e poética.
    Abraços.

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