Nos dias dezoito e dezenove de agosto do ano de dois mil e onze a cidade de Alagoinhas foi agraciada com a presença da escritora e intelectual negra Conceição Evaristo. A razão da vinda de Conceição se deu por vontade e força política de alinhar discussões de militância e culturas negras aproveitando a oportunidade da minha defesa de mestrado intitulada, “Transtextualidade em poesias negras diaspóricas: usos e sentidos na educação multicultural”, tendo como orientador prof. Murilo da Costa.A palestra de Con
ceição versou acerca das questões raciais na sociedade brasileira, principalmente tomando como base exemplos na literatura e história. Todo o momento de sua fala marca seu lugar de mulher escritora e negra. Ela repensa a história ao questionar a hegemonia discursiva e social atribuída a movimentos como os inconfidentes e abolicionistas brancos, já que movimentos resistentes como os quilombolas, com exceção dos Palmares, ainda são pouco conhecidos por grande parte das pessoas.
ceição versou acerca das questões raciais na sociedade brasileira, principalmente tomando como base exemplos na literatura e história. Todo o momento de sua fala marca seu lugar de mulher escritora e negra. Ela repensa a história ao questionar a hegemonia discursiva e social atribuída a movimentos como os inconfidentes e abolicionistas brancos, já que movimentos resistentes como os quilombolas, com exceção dos Palmares, ainda são pouco conhecidos por grande parte das pessoas.
Alinhada com a fala, afirma para ela ser a escrita uma prática de insubordinação que possibilita a fuga para o sonho e a inserção para modificação. Conceição também afirma que o silenciamento da mulher negra na literatura é um “não dito que diz”, já que o “silêncio tece vozes na história”, assim como a supervalorização de determinados fatos, em detrimento do apagamento de outros. Também ela nos provoca questionando o que a "ausência da presença" da mulher negra na história e literatura traz como consequência senão a negação da representatividade histórica e literária da matriz africana na sociedade?
Assim, frisa que a poesia negra é combativa e prisma pela permanente reflexão da história oficial brasileira que minimiza e/ou invisibiliza as condições de vida e produção de milhares de cidadãos negros e afro-brasileiros, cabendo, portanto as vozes negras atrelada a demais vozes resistentes denuncia “o que os livros escondem,/ (e) as palavras ditas libertam. E (assim) não há quem ponha/ um ponto final na história", consoante versos de Conceição contidos na obra, “Poemas da recordação e outros movimentos”. 